Relato de Superação: Aos 3 Anos Sofri Abuso, Hoje Transformo Minha Dor em Voz

Minha história não é só sobre dor. É sobre libertação, verdade e a esperança de que outras crianças não passem pelo que eu passei.”

Meu nome é Rúbia C. O, tenho 45 anos, e por muito tempo eu fui apenas silêncio. Hoje, sou voz.

Tudo começou muito cedo. Eu tinha apenas 3 anos de idade quando, enquanto minha mãe saía para trabalhar, eu ficava aos cuidados do meu padrasto. São lembranças fragmentadas, flashes que voltam com o tempo. Eu era pequena demais para entender o que estava acontecendo, mas sabia que algo não estava certo.

Ele aproveitava a ausência da minha mãe para fazer coisas que me deixavam confusa e desconfortável. Eu não entendia por que ele se aproximava de mim daquela forma, por que seus gestos eram diferentes. Eu não sabia nomear aquilo, mas sentia que era errado. E mesmo assim, não havia ninguém para contar. Naquela época, não se falava sobre sexualidade, abuso ou proteção da infância.

Com o passar dos anos, fui morar com minha mãe biológica, acreditando que minha vida finalmente mudaria. Mas o pesadelo recomeçou. Aos 9 anos, outro padrasto. Novamente, os toques, os silêncios, as visitas no meu quarto com desculpas banais como “ver se tinha pernilongo”. Eu sabia. Dessa vez, eu entendia: aquilo era violência.

E mesmo assim, fingia que dormia, com vergonha, medo, e por não saber o que fazer. Foram noites angustiantes, em que o silêncio era meu único escudo.

Aos 12 anos, encontrei a única saída que conhecia: fugir. Voltei a viver com a mulher que me criou desde bebê a quem considero minha verdadeira mãe. Foi ali, com ela, que comecei a reconstruir minha confiança no amor e no cuidado.

Mas o silêncio ainda me acompanhou por mais alguns anos.

Apenas aos 18 anos eu consegui falar. Contar tudo. Dar nomes ao que vivi. Foi como respirar de novo. Como abrir uma ferida para, enfim, deixar que cicatrizasse.

Com o tempo, a raiva foi diminuindo, o nojo se transformou em consciência, e a dor em força. Hoje, consigo falar da minha história sem chorar. Falo com firmeza. Falo com propósito.

Falo por mim, pela criança que fui.
Falo por tantas crianças que ainda sofrem em silêncio.
Falo por mães que, às vezes, não enxergam os sinais.

Minha história é um chamado:
Pais, mães, cuidadores: fiquem atentos. Escutem seus filhos.
O silêncio de uma criança pode esconder uma dor muito maior do que imaginamos.

E para você, que passou ou está passando por algo semelhante, eu digo:
Você não está só. Não foi sua culpa. Sua dor é real, e sua cura também pode ser.

Falar pode doer. Mas também pode libertar.

Hoje, eu falo. E vivo em paz.

– Rúbia C. O

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