Era por alguém que fazia parte da minha vida, da minha família. Meu padrinho. Alguém em quem todos confiavam.

Meus pais me amavam, me protegiam. Mas o abuso aconteceu mesmo assim.

Eu segui a vida… não como se isso fosse normal — mas sem saber o que fazer.

Me tornei mãe e fiz de tudo para proteger meus filhos. Eles não dormiam na casa de ninguém. Só iam onde eu ia.

Mas foi quando virei avó que tudo voltou com força.

Me vi distante da minha neta. Sem poder protegê-la como fiz com meus filhos. E aquilo me destruiu por dentro.

Comecei a ter crises de ansiedade, medo, desespero. Busquei ajuda profissional.
Foi aí que, com 40 anos, entendi: minhas feridas nunca tinham sido curadas.

Meu nome é Elenir Pacheco
Sou pedagoga, mãe, avó e, acima de tudo, alguém que se recusou a deixar a dor definir sua vida.

A dor me fez buscar respostas.
Quis aprender, entender, prevenir.
No chão da escola, vi muitas crianças passando por sofrimentos silenciosos — e prometi a mim mesma que nunca mais ficaria em silêncio.

Hoje eu sei o que fazer.
Hoje eu não me calo.

Falo com meus alunos, com os pais, com minha neta.
Falo sobre o que vivi, sobre o que aprendi, e sobre o que ninguém teve coragem de me contar quando eu era criança.

E descobri que contar minha história me curou.
E continua curando.

Porque cada vez que eu falo, eu ajudo alguém a não carregar essa dor sozinho(a).

Você não está só. Sua história também pode curar.